12/07/2010
Thanks bros, see you soon...
Guess i have some waves to catch...
"O que faz um bom concerto? A banda ou o público? A sensatez manda responder: uma mistura dos dois factores. O espetáculo dos Pearl Jam no Optimus Alive!10, esta noite, confirma e esclarece: quando grupo e fãs estão em sintonia, a magia pode muito bem acontecer.
Por esta altura, o leitor já deve saber que, após cinco ou seis músicas, Eddie Vedder pegou num papel do qual começou a ler em português. "Obrigado por virem ao nosso último show. Não último de sempre, mas último em muito tempo". A estupefação da plateia pressentiu-se. Vedder, esta noite muito próximo da imagem icónica dos primeiros tempos dos Pearl Jam, acrescentou, já em inglês: "Não, é uma coisa boa! Mas mais vale divertirmo-nos, pois não sabemos quando vamos voltar".
A partir desta revelação, o público apegou-se ainda mais ao que tinha em mãos - um Deus do rock em noite sentimental - e o concerto, que já abrira de forma muito intensa e fraternal, com "Release", "Animal" ou "Given To Fly", ganhou contornos verdadeiramente históricos.
Uma das razões pelas quais Eddie Vedder adora o público português - saiu de palco com a bandeira nacional pelas costas - prende-se pelo talento local para a cantoria. "You guys are the best singing crowd in the world!", elogiou emocionado. De mãos ao alto e corações em frangalhos, o público vê em Eddie Vedder o livro de cabeceira da sua geração, um bom rebelde que nunca se vendeu nem nunca quebrou, um porto de abrigo seguro com quem se pode contar.
No Optimus Alive!, os Pearl Jam são ainda uma banda da casa: estiveram na primeira edição do evento e inspiraram, inclusive, o nome do certame. Estavam reunidas as condições para uma noite vitoriosa - e, contrariamente aos receios de alguns leitores da BLITZ, ausente de fãs dos Ídolos - mas dificilmente alguém poderia adivinhar a autêntica overdose emocional em que 45 mil pessoas participaram.
Dizemos que participaram, e não que assistiram, porque Eddie Vedder não se cansou de salientar o papel do público nesta doce despedida dos palcos. "Obrigada por nos convidarem para a vossa festa, por nos deixarem pôr música por cima de vocês, à vossa volta", disse, numa noite em que "Nothing Man", "Daughter", "Even Flow", "Wishlist", "Black", "Why Go" e até a mais recente "Just Breathe" ("esta é bué linda", comentavam a nosso lado) originaram gigantescos coros. "Lisboa, vocês cantam tão bem. Também tocam guitarra?".
No encore, a paixão público-banda consumou-se com músicas delicadas tocadas à guitarra acústica; o incrível coro de "Betterman", que Vedder deixou o público cantar quase na íntegra; surpresas como "Smile"; a obrigatória "Alive" e ainda - contado ninguém acredita - uma canção cujo refrão era "Portugal, Portugal".
Ao longo de todo o concerto, os Pearl Jam mostraram-se empenhados e motivados: Mike McCready chegou a tocar guitarra atrás da cabeça e a sentar-se no palco (como Mike Patton quando cantou Jackson 5), Matt Cameron, segundo alguns rumores de partida para a reunião dos Soundgarden, chamou a atenção pelos óculos de sol em plena noite escura. Mas se falamos tanto de Eddie Vedder é porque, longe de todos os problemas de consciência que afetaram os seus primeiros anos de estrela rock, o símbolo maior dos Pearl Jam mostrou-se, esta noite, comovedoramente aberto, vulnerável e empático. Em paz consigo mesmo e o seu legado, parecia mesmo ter dificuldade em abandonar o palco, olhando o público com o esgar de quem contempla obra feita.
Não sabemos se a pausa a que Eddie Vedder se referiu esta noite corresponde apenas ao final da digressão (afinal, mostrou-se ansioso por regressar a casa e rever a família) ou se o "último concerto em muito tempo" anuncia um hiato mais prolongado. Mas depois de um concerto apoteótico como este, é justo dizer que se a Espanha tem (a fazer fé no Polvo Paul) o Mundial, Portugal pode orgulhar-se de ter os Pearl Jam. "
In BLITZ
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